09 julho, 2011

Ciência, Filosofia e Antropofagia (e poesia)

O segundo dia de FLIP, no que me diz respeito, foi intenso. Uma quinta feira muito fria, úmida, temperaturas que não se esperam no estado do Rio de Janeiro (ainda que apenas 22 km da divisa com São Paulo).

O início do dia foi com a mesa Lírica Critica. Dois poetas, Carol Ann Duffy e Paulo Henrique Brito leram poesias de sua autoria e discutiram brevemente sob a concepção e o ensino de poesia. Deleite puro.

Na seqüência, mergulhei um pouco mais no tema Antropofagia já que a Mesa 2 com Marcia Camargos e Gonzalo Aguilar, seguindo as homenagens a Oswald de Andrade, discutiram um pouco mais a vida e obra dele e o significado da semana de 22. Não me atreverei a discutir detalhes, pois eles são especialistas e o encontro foi muito rico.

Dois destaques: novamente o poder de síntese de Oswald de Andrade, a capacidade de entender o momento e traduzir em poucas palavras, reiterando minha inferência de que ele seria um ótimo twitteiro. E uma análise do Abaporu muito legal, demonstrando porque ele foi o símbolo do Manifesto Antropofágico.

A mesa da noite já foi em outro tom. Com a presença de Miguel Nicolelis e Luiz Pondé, cuja proposta era discutir "O Humano além do Humano", tarefa nada fácil e com toda a possibilidade de não dar certo...

Funcionou, do meu ponto de vista, principalmente na empolgante demonstração de Nicolelis de seus estudos de neurociência que permitem a libertação do cérebro das fronteiras físicas do corpo. Ele já tem sucesso em experimentos com macacos que movimentaram braços mecânicos, robôs e agora avatares totalmente virtuais a distância, somente com o pensamento. No fechamento de sua introduçã ele emociona-se e emociona o público, afirmando que em 3 anos esses estudos permitirão uma criança tetraplégica voltar a movimentar-se. Isso, ele pretende fazer aqui no Brasil.

Pondé entrou numa nota mais cética, filosoficamente pontuando que ciência e religião tratam da finitude do ser humano cada qual a sua forma, mas que a vida é pontuada por este medo do fim, e que precisamos conviver com isso. A nota contrapondo a fé na ciência que Nicolelis acabava de expor foi constante, e o tom, filosoficamente pessimista. Apesar dessa dissonância e em função da ótima mediação de Laura Greenhalgh, o tom foi cordial e amistoso, ainda que as exposições fossem opostas em conteúdo, forma e função.

A sensação final foi positiva, na verdade fomos alimentados por idéias, e ficando no tema da FLIP 2011, só nos resta devorar as informações e chegar a nossas próprias conclusões

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